terça-feira, 3 de março de 2009

Ctónico

Em mitologia, e particularmente na grega, o termo ctónico (do grego χθονιος khthonios, "relativo à terra", "terreno") designa ou refere-se aos deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, por oposição às divindades olímpicas. Por vezes são também denominados "telúricos" (do latin tellus).

A palavra grega χθών khthōn é uma das várias que são usadas para "terra", e refere-se tipicamente ao interior do solo mais do que à superfície da terra (como γαιη gaia ou γε ) ou à terra como território (como χορα khora). Evoca ao mesmo tempo a abundância e a sepultura.

Deuses Ctónicos e Deuses Olímpicos

Enquanto termos como "divindade da terra" têm implicações mais amplas, os termos khthonie e khthonios têm um significado mais técnico e preciso em grego, referindo-se antes de mais nada à forma como se ofereciam sacrifícios ao deus em questão.

No culto ctónico típico, o animal vítima era massacrado num bothros (βοθρος, "poço") ou megaron (μεγαρον, "câmara afundada"). No culto aos deuses olímpicos, pelo contrário, a vítima era sacrificada sobre um bomos (βομος, "altar") elevado. As divindades ctónicas também tendiam a preferir as vítimas negras sobre as brancas, e as oferendas eram normalmente queimadas inteiras ou enterradas em vez de ser cozinhadas e repartidas entre os devotos.

Tipo de culto em relação à função

Ainda que os deuses e deusas ctónicos tivessem uma relação genérica com a fertilidade, não tinham um monopólio sobre esta, nem eram os deuses olímpicos totalmente indiferentes à prosperidade da terra. Assim, ainda que tanto Deméter como Perséfone cuidassem de vários aspectos da fertilidade da terra, Deméter tinha um culto tipicamente olímpico enquanto que o de Perséfone era ctónico.

Para tornar tudo ainda mais confuso, Deméter era adorada ao lado de Perséfone com ritos idênticos, e mesmo assim era ocasionalmente classificada como uma olímpica na poesia e nos mitos.

Entre ambos

As categorias olímpica e ctónica não eram, no entanto, totalmente estritas. Alguns deuses olímpicos, como Hermes e Zeus, também recebiam sacrifícios e dízimos em alguns locais. Os heróis deificados Herácles e Esculápio podiam ser adorados como deuses ou como heróis ctónicos, dependendo da região.

Além disso, algumas divindades não são facilmente classificáveis sob estes termos. A Hécate, por exemplo, era costume oferecer cachorros nas encruzilhadas, o que seguramente não era um sacrifício olímpico, nem tampouco uma oferenda típica a Perséfone ou aos heróis. Mas, devido às suas funções no mundo subterrâneo, Hécate é geralmente classificada como ctónica.

Referências contemporâneas

  • O autor de novelas de horror Brian Lumley aplicou o termo "ctónico" a uma espécie fictícia nas suas contribuições aos mitos de Cthulhu de H.P. Lovecraft.

Divindades Ctónicas (da terra)

  • Gaia
  • Réia (Cibele)
  • Eumênedes (Erínias)
  • Hekate
  • Demeter
  • Horas
  • Graças
  • Dionisio
  • Perséfone
  • Hésperides

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